Retrospectiva: Têm as noticias tendenciosas um efeito “bomba relógio”?

Melinda Burns
Miller-McCune
Traduzido pelo grupo de tradução português
18/01/10

Não existe ninguém mais cínico sobre os média que o Europeu típico.

Apenas doze por cento dos Europeus afirmam confiar nos média, comparando com os quinze por cento de Norte Americanos, vinte e nove por cento de Asiáticos Pacíficos e quarenta e oito por cento de Africanos, descobriu a BBC.

Ainda assim uma nova investigação científica saída da Escola de Economia e Ciências Politicas de Londres sugere que mesmo o Europeu mais aguerrido sucumbe à manipulação dos média e muda as suas opiniões politicas se for bombardeado durante tempo suficientemente com noticias tendenciosas.


...Clique no título para ler mais...


Não existe ninguém mais cínico sobre os média que o Europeu típico.

Apenas doze por cento dos Europeus afirmam confiar nos média, comparando com os quinze por cento de Norte Americanos, vinte e nove por cento de Asiáticos Pacíficos e quarenta e oito por cento de Africanos, descobriu a BBC.

Ainda assim uma nova investigação científica saída da Escola de Economia e Ciências Politicas de Londres sugere que mesmo o Europeu mais aguerrido sucumbe à manipulação dos média e muda as suas opiniões politicas se for bombardeado durante tempo suficientemente com noticias tendenciosas.

Até mesmo o Europeu mais aguerrido sucumbe à manipulação dos média e muda as suas opiniões politicas se for bombardeado durante tempo suficientemente com noticias tendenciosas.

Michael Bruter, um professor sénior de politica Europeia na Escola, alimentou com uma dieta regular de noticias tendenciosas sobre a Europa e a União Europeia – ou todas boas noticias ou todas más – a 1200 cidadãos de seis países durante dois anos.

Com o passar do tempo, Bruter descobriu, e sem excepção, que o subconsciente dos leitores adoptava a influência até diferentes graus e mudava a sua visão da UE e de si próprios como Europeus, sendo que alguns atingiam extremos. Surpreendentemente, eles não registaram nenhuma mudança no momento após a paragem das noticias – apenas passados seis meses completos é que se operou uma mudança, quando obviamente baixaram a guarda.

Bruter chama a isto o efeito “bomba relógio” das noticias tendenciosas. O seu estudo pinta um quadro cru de como o cinismo, longe de inocular cidadãos a resistir a persuasões politicas, meramente atrasa o impacto.

“Nós sabemos que existe um aumento na proporção de cidadãos que desconfiam dos média, e que alguns afirmam explicitamente que descontam a tendência nas noticias que receberam,” escreveu Bruter. “Contudo, nós demonstramos que mesmo tendo em conta esta estratégia de leitura, o efeito das noticias tem efeito ao longo do tempo.

Bruter não estudou os média Norte Americanos, mas as suas pesquisas levantam questões sobre os efeitos de uma exposição a longo termo a noticias televisivas tendenciosas em canais como a Fox e MSNBC- que são actualmente primeiro e segundo nas audiências de televisão por cabo. A administração Obama chamou recentemente ao canal Fox News um oponente politico e não uma organização de noticias legitima.

O efeito “bomba relógio” questiona se o cinismo dos cidadãos dos tempos modernos os faz, efectivamente, mais vulneráveis ás mesmas fontes jornalísticas em que eles não confiam e se sentem imunizados, afirmou Bruter.

Assim, os cidadãos Britânicos, os mais cínicos de todos, podem estar de alerta à opinião anti-UE dos seus média, mas o estudo sugere que mesmo assim eles podem ser manipulados para se sentirem significativamente menos Europeus que outros, afirmou Bruter.

Os média, disse ele – e particularmente os tablóides – deveriam parar de pôr de lado acusações de parcialidade com afirmações de que “as suas audiências são maturas e sofisticadas e podem perceber o que eles dizem com um grão de sal.”

“Por contraste, as minhas conclusões sugerem que mesmo audiências sofisticadas são susceptíveis a manipulação,” afirmou Bruter. “Sendo assim, a grande lição para os média é que eles tem uma responsabilidade.”

Bruter ficou intrigado com a questão dos média e identidade depois dos cidadãos Franceses e Holandeses terem votado negativamente uma proposta de constituição para a União Europeia em 2005. Este contratempo, ele afirmou, tornou imperativo perceber se os média estavam a influenciar o “porque de alguns cidadãos se sentirem mais Europeus que outros.”

Bruter desenhou uma experiência de dois anos em que ele enviou duas vezes por semana um boletim informativo contendo noticias tendenciosas sobre a Europa e a UE a 200 pessoas nos seguintes países, Reino Unido, França, Alemanha, Bélgica, Portugal e Suécia. Estes países representam ambos os grandes e pequenos, ricos e pobres, pro-Europa e “Euro-cépticos” membros da UE.

Cada boletim informativo de quatro páginas, compilado de jornais diários e semanários europeus, incluía duas páginas de artigos exclusivas sobre a Europa e a UE, ou todos positivos ou todos negativos.

Assim por exemplo, um grupo de participantes iria ler sobre como chefes de estado Europeus concordariam em combater o tráfego de droga juntos, a Airbus a ultrapassar a Boeing como o 1ª empresa de construção de aviões no mundo, e o valor do Euro a subir, enquanto outro grupo iria ler sobre o valor do Euro a cair, a Airbus a perder uma grande encomenda na China para a Boeing, e como chefes de estado falharam em acordar como se poderia combater o crime organizado originário do antigo bloco de Leste.

Em adição, os boletins informativos com noticias positivas continham três fotografias ou desenhos de símbolos pró-Europeus tais como mapas da Europa ou fotografias da bandeira da UE (um circulo amarelo centrado num fundo azul), enquanto os boletins informativos com noticias negativas continham fotografias placebo de pessoas e paisagens.

Antes do primeiro boletim informativo ter sido enviado, os participantes preencheram um questionário desenvolvido para medir a sua cultura cívica, cultural e Europeia. Responderam a perguntas (em línguas diferentes) tais como, “Em geral, é a favor ou contra os esforços que estão a ser feitos para unificar a Europa?”, “Em geral, você considera ser um cidadão Europeu?”, “Diria que se sente mais próximo aos seus pares Europeus do que, por exemplo, ao povo Chinês, Australiano ou Americano?”

Também, aos participantes foi pedido que descrevessem a sua reacção se vissem alguém a queimar a bandeira Europeia, e a sua reacção se vissem alguém queimar a bandeira do seu próprio país.

Eles receberam essencialmente o mesmo questionário mais duas vezes – após o fim dos boletins informativos e após seis meses.

Os resultados mostraram que noticias tendenciosas não tiverem virtualmente efeito no facto de os cidadãos se sentirem mais ou menos Europeus ou mais ou menos a favor da UE, directamente após o fim da experiência de dois anos. Mas passados seis meses do ultimo boletim informativo ter sido recebido eles estavam sem duvida afectados.

Exposição constante a símbolos Europeus e da UE – bandeiras, mapas e notas de Euros – funcionaram imediatamente no sentido de fazerem as pessoas sentirem-se mais Europeias, o estudo descobriu. E depois de seis meses após a experiência, participantes que estiveram expostos regularmente aos símbolos estavam cada vez mais cientes deles na vida real. Com efeito eles foram estimulados pelos boletins informativos para os notarem.

Mas a “bomba relógio” das noticias tendenciosas, foi mais efectiva do que a exposição a símbolos em manipular membros do “vasto publico cínico Europeu”, afirmou Bruter.

“Demonstra que até mesmo a propaganda mais 'inacreditável' pode ter um efeito ao longo do tempo e que os mais falaciosos e infundados rumores podem, por exemplo, moldar opiniões até um certo ponto,” afirmou Bruter.

Hoje, a União Europeia cresceu para 27 estados membro, a partir dos seis originais que primeiro se comprometeram em cooperação económica em 1957. O tratado de Lisboa, o substituto para a falhada constituição Europeia de 2005 é esperado entrar em vigor este ano: 26 dos 27 estados membro ratificaram-no, incluindo a França e a Holanda. A Republica Checa é o ultimo estado membro que ainda não tomou uma decisão.

Mas sem ter em conta o que fazem os governos, a questão do porquê e como os cidadãos de diferentes países na Europa começarem a sentir-se menos Ingleses, Holandeses ou Portugueses, por exemplo, e começarem a sentir-se mais Europeus ainda está em aberto. Os média, afirmou Bruter, conseguem impedir ou encorajar esses sentimento com o passar do tempo.

“O efeito das noticias por fim assenta e assim influencia a identidade dos cidadãos Europeus com uma eficiência admirável no longo termo,” afirmou ele.

“Bomba relógio? O Efeito Dinâmico de Noticias e Símbolos na Identidade Politica dos Cidadãos Europeus” apareceu anteriormente este ano no jornal Estudos Políticos Comparativos.

Nenhum comentário: